Căutare Numele cotidianului: Correio da Manhã (Curierul de dimineaţă) 'Maria’, 49 anos, sai de um carro vindo do mato. Ajeita o vestido azul de alças, com um decote tímido. Passa a escova no cabelo curto, pintado de louro, e o batom pelos lábios. Senta-se numa lata de tinta, puxa de um cigarro e aguarda pelo próximo cliente, o terceiro desde que começou a trabalhar, duas horas antes. 'Hoje está fraco e os clientes também têm menos dinheiro', diz ‘Maria’, uma das dez portuguesas que se encontram na recta de Coina, assinalando o facto de haver muita concorrência. 'As outras aí são mais novas e mostram mais o corpo', lamenta, contando que decidiu ir para estrada depois de se separar do marido, que recusa pagar-lhe uma pensão: 'Estou aqui há três meses.' Foi a ameaça de despejo e a falta de comida que um dia a levaram a apanhar o autocarro na zona de Setúbal em direcção à recta de Coina. Cobra vinte euros por 10 a 15 minutos com o cliente e consegue 'tirar uns 80 euros por dia'. Na recta de Coina, na estrada de Pegões e na estrada que vai de Águas de Moura para Setúbal, há cada vez mais mulheres portuguesas a venderem o corpo. Solteiras ou divorciadas, são mulheres entre os 21 e os 50 anos e com problemas económicos. Muitas delas jovens que perderam o emprego, outras, como ‘Maria’, que nunca trabalharam e viram o marido sair de casa. Já não são só as toxicodependentes que vivem da prostituição. ‘Ângela’, angolana de 32 anos, veio para Portugal aos 12. Aos 15 engravidou e casou-se. O marido foi vítima de um acidente numa obra e ‘Ângela’ ficou com três filhos para sustentar. Aguentou--se durante seis anos a trabalhar em cafés e em restaurantes. Mas, com os filhos a estudar, percebeu que precisava de ganhar mais. Há dois anos que sai de casa às 09h00. Os vizinhos e a família pensam que trabalha em limpezas. Veste uma mini-saia de ganga e uma camisola mais decotada: 'Tenho de mostrar o produto e tenho sorte porque há clientes que gostam de mulher negra e roliça.' ASSOCIAÇÕES SEM DINHEIRO PARA AJUDAR A Associação Novo Olhar, que trabalha junto das prostitutas nos concelhos de Leiria e da Marinha Grande, debate-se com falta de dinheiro para continuar o seu trabalho e já foi obrigada a parar as equipas de rua, que distribuem seringas e preservativos. A Associação sem fins lucrativos, que tem como principal objectivo a promoção e protecção da saúde, candidatou-se ao subsídio que normalmente lhe é atribuído pelo Instituto da Droga e Toxicodependência, mas desta vez não o conseguiu. A presidente da Associação Novo Olhar, Ana Patrícia Nobre, diz que é urgente a retoma da actividade das equipas de rua porque muitas destas mulheres são portadoras de HIV e não usam protecção. A dirigente confirma ainda ter informações que apontam para o aumento do número de mulheres portuguesas na prostituição, sobretudo devido ao desemprego. Em Leiria, há nas estradas 23 mulheres, das quais vinte são toxicodependentes, e seis homens com idades compreendidas entre os 25 e os 35 anos. Na Marinha Grande, há 32 prostitutas com idades entre os 21 e os 60 anos. ROMENAS DISPUTAM ESTRADA Sai do mato dentro de uma carrinha vermelha de caixa aberta. Apanha o cabelo, mete os óculos escuros, compõe o sutiã e vira-se de novo para a estrada. Sorridente, ‘Tânia’, romena de 21 anos, está pronta para o próximo cliente. Com um decote que lhe realça o peito, uns calções de ganga bem apertados e umas sandálias altas, exibe umas longas pernas. Às 15h00 já fez cem euros. Leva vinte euros por dez minutos e garante que chega a ganhar dois mil euros por mês. Menos sorte têm as suas colegas da mesma nacionalidade, de 21 e 25 anos. 'Ela rouba tudo porque é bem-feita', queixam-se as jovens, que desde que chegaram a Portugal, há oito meses, ocuparam um lugar na estrada de Setúbal. APONTAMENTOS MÃOS UNIDAS AJUDA A Associação Mãos Unidas tem um centro de acolhimento temporário para apoiar mulheres que deixam a prostituição ou são vítimas de maus tratos. O director da Associação, Mário Nogueira, diz que a maioria tem filhos e vende o corpo para sustentar a família. NOVAS PROSTITUTAS Segundo dados das equipas de rua das Irmãs Oblatas, cerca de 15 por cento das prostitutas foram para a rua há cerca de um ano. Muitas foram abandonadas pelos maridos e não têm dinheiro para os filhos. Dedicam-se à prostituição em desespero de causa. CLIENTES FIXOS A maioria das prostitutas tem clientes fixos, dos mais variados estratos e profissões, que passam sempre à mesma hora. Porém, os camionistas, operários da construção civil e fabris são os que mais procuram os seus serviços. A hora de almoço e o fim da tarde são as melhores horas de negócio. NOTAS CRISE: NOVAS PROSTITUTAS A crise alterou o perfil das mulheres que se prostituem na estrada. Já não são só toxicodependentes ou imigrantes. São cada vez mais mulheres desempregadas ou divorciadas com filhos. PRESERVATIVOS: PROTEGIDAS A maioria das prostitutas garante usar preservativo, o único contraceptivo contra a transmissão de doenças sexuais, mesmo quando os clientes pedem para não usar. PAÍS: ZONAS DE PROSTITUIÇÃO A prostituição espalha-se pelas estradas de norte a sul do País. A s rectas de Coina e Pegões, Setúbal, são muito conhecidas. Outro dos pontos é a estrada nacional na Mealhada |
Centrul de Documentare ISPMN a iniţiat un proiect de monitorizare a presei pe tematica reprezentării minorităţilor naţionale. În cadrul proiectului sunt monitorizate versiunile online ale mai multor cotidiane naţionale, atât în limba română cât şi în limba maghiară. În munca de colectare a materialelor beneficiem de aportul unui grup de studenţi ai Universităţii Babeş-Bolyai, Facultatea de Sociologie şi Asistenţă Socială, fapt ce ne oferă posibilitatea unei dezvoltări continue a bazei noastre de date. Proiectul de monitorizare a presei doreşte să ofere celor interesaţi, posibilitatea de utilizare a acestei baze de date în viitoare analize. |