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BE apresentou texto. PS votou contra. Deputada alegrista foi porta-voz da posição oficial. 21 deputados recusaram-se a alinhar.

No Parlamento Europeu, os socialistas portugueses votaram a favor, criticando o Governo francês por estar a deportar ciganos romenos em massa de volta ao seu país; mas ontem, em Lisboa, numa moção apresentada na Assembleia da República pelo BE com o mesmo objectivo, votaram contra.

Só que o fizeram muito divididos. Divisões que até envolveram os "alegristas" da bancada. Vinte e um deputados socialistas recusaram-se a seguir o voto oficial do partido (que ditaria o chumbo da moção, em conjugação com os votos do PSD e do CDS). Quinze abstiveram-se (entre eles António José Seguro e o candidato presidencial Defensor Moura); um (Sérgio Sousa Pinto) votou a favor do texto do Bloco. Cinco ausentaram-se deliberadamente da sala.

Os dois "alegristas" da bancada foram cada um para seu lado: Maria de Belém (mandatária nacional da candidatura presidencial do histórico socialista) foi a porta- -voz da bancada socialista, salvaguardando a posição da França (com o argumento de que há inquérito em curso, sendo precipitado tirar conclusões). Já Duarte Cordeiro, director de campanha, saiu da sala de propósito, como outros quatro deputados do PS, entre os quais José Vera Jardim, que invocou "motivos de consciência". Quem do PS também foi João Galamba (que é independente), que no Twitter considerou "vergonhoso" o chumbo do voto apresentado pelo BE (e ao qual se juntou apenas a bancada do PCP). Sérgio Sousa Pinto explicou o seu voto favorável à declaração apresentada pelo BE dizendo que esta, sendo "imperfeita", é, no entanto, "preferível ao silêncio".

No PSD também houve uma "dissidência", José Eduardo Martins, que se absteve. Outros votaram seguindo o sentido definido pela direcção da bancada mas anunciaram ter declarações de voto expressando as suas reservas. Eduardo Martins disse depois aos jornalistas que quis "deixar claro que existe no PSD uma tradição de respeito pelos direitos humanos", assumindo que se sente "incomodado" com medidas que visam "um determinado grupo étnico".

No PSD, curiosamente, a posição oficial (no essencial salvaguardando as medidas levadas a cabo por Sarkozy) foi apresentada por José Matos Correia, ex-chefe de Gabinete de Durão Barroso. Quinta-feira, em Bruxelas, numa cimeira europeia, Durão Barroso envolveu-se numa viva troca de palavras com o Presidente francês.

Do seu lado, Sarkozy teve, entre outros, Sócrates, que criticou fortemente a comissária europeia da Justiça, Viviane Reding, que disse que a deportação francesa dos ciganos roma "é uma situação que não esperava voltar a ver na Europa depois da II Guerra Mundial".

A solidariedade do primeiro- -ministro para com o Chefe do Estado francês explica por que razão ontem a bancada do PS votou no sentido oposto ao que tinham feito no PE os eurodeputados socialistas portugueses. "Não estamos perante uma questão de não condenação. O PS até manifestou preocupação face ao que se está a passar. Mas está a decorrer um inquérito para saber se houve ou não violação de princípios fundamentais", justificou Assis.